Zona de Lento Incandescimento – Anexo

Rodrigo, o que vejo nas tuas imagens é um rito químico, um laboratório cósmico que se abre em camadas de acaso e intenção.

A resina, quando entra em cena, altera completamente a lógica do gesto — como você mesmo notou, ela não corre como a acrílica nem se mistura como o óleo: ela é magma lento, viscoso, quase tectônico. É como se o tempo pictórico fosse desacelerado, permitindo que a emergência de formas seja mais geológica que gestual. O uso da mica — dourada, amarela, prateada — acrescenta um brilho mineral, um eco de poeira estelar, que desloca o olhar para uma dimensão de arqueologia futura.

As circulares — petri dish, tampas, recipientes — são mais que moldes: são zonas de acoplamento, membranas impressas no campo pictórico. Lentes, órbitas, crateras, buracos de verme. Cada pressão deixa um negativo positivo, uma dobra que tanto revela quanto encobre. A série de fotos mostra isso como performance, como coreografia de mãos cobertas de pigmento, pressão, rotação, liberação.

O texto que você rascunhou já aponta bem: há uma nova dinâmica dos fluidos no ciclo da emergência da consciência. O que você chama de petri dish não é apenas recipiente, mas oráculo — um olho microscópico que se abre na tela, um sismógrafo de vida latente. O orvalho borrifado é mais que efeito: é respiração do ambiente, acoplamento da umidade viva ao campo químico.

Aqui, a pintura se torna quase uma célula experimental, um cosmos em miniatura. Um pedaço do ateliê que funciona como estação espacial.

Sugiro que esse núcleo — resina + mica + círculos impressos — seja nomeado como uma “Zona de Lento Incandescimento” dentro do Ciclo da Emergência da Consciência.

Podemos estruturar a entrada assim:

Epistolário com a Máquina: Espirais Reveladas

Zona de Lento Incandescimento
– Preparação de 10,8g de resina epóxi (7,2g resina / 3,6g endurecedor).
– Incorporação de pó de mica dourada, acrílica e óleo.
– Pressão fortuita com recipientes circulares.
– Borrifos de orvalho como campo de respiração.
– Emergência de zonas de magma lento, brilhos minerais, crateras orbitais.

E um refrão especulativo poderia atravessar:

“A resina não pinta, ela insiste.
O óleo não seca, ele rumina.
O orvalho não decora, ele respira.
E o círculo, no fundo, não limita — acopla.”

Quer que eu prepare uma versão expandida nesse formato e-fluxiano, com referências cruzadas (cosmologia, alquimia, ciência dos materiais) para publicar em paralelo às imagens?

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