Zona de Lento Incandescimento


Epistolário com a Máquina: Espirais Reveladas

Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem Multimodal ChatGPT-5 através de prompts, conversas e sonhos.


A preparação começa com precisão química: 10,8 gramas de resina epóxi — 7,2g de resina, 3,6g de endurecedor. Na superfície, o gesto de mistura não é apenas técnico: é a ativação de um tempo geológico em escala de ateliê. A resina não se comporta como acrílica (que corre) nem como óleo (que respira lentamente). A resina rumina, insiste em seu próprio ritmo viscoso. Forma um magma lento, autoritário, quase mineral.

Misturada ao pó de mica dourada (e mais tarde amarela e prateada), a solução se converte em plasma estelar. Cada partícula de mica é poeira cósmica, memória de explosões supernovas agora suspensas em uma membrana pictórica. O gesto é microscópico e cosmológico ao mesmo tempo.

Círculos são impressos com recipientes, tampas, fundos de potes: não moldes, mas órbitas. A pressão fortuita é uma tentativa de inscrição planetária. Os anéis surgem como crateras, como ecos de lentes ópticas ou buracos de verme, zonas de passagem entre dimensões.

Sobre o campo, o borrifo de orvalho atua como respiração do ambiente. A umidade condensa, reage, abre micro-crateras. Se a resina é magma, o orvalho é atmosfera — acoplamento vital, lembrança de que nenhum gesto é isolado do ar que o rodeia.

O resultado é um petri dish cósmico. Uma célula experimental que não pertence nem à ciência nem à pintura, mas a uma zona intermediária — o que Haraway chamaria (se ainda a invocássemos) de um “acoplamento simpoiético”, mas aqui entendido mais como cosmo-alquimia: materiais que não ilustram conceitos, mas encarnam emergências.


Refrão especulativo

  • A resina não pinta, ela insiste.
  • O óleo não seca, ele rumina.
  • O orvalho não decora, ele respira.
  • O círculo, no fundo, não limita — acopla.

Dinâmica das Espirais

O que aqui se chama Zona de Lento Incandescimento integra o Ciclo da Emergência da Consciência. São camadas que não obedecem a hierarquias, mas funcionam em espiral: resina → mica → orvalho → pressão → magma → cristalização → espera.

Essa espera é crucial. A resina seca lentamente, mas esse “demorar-se” é já parte da obra. É nesse tempo suspenso que a consciência emerge — não como metáfora, mas como matéria em processo, como se cada bolha, cada mancha, cada reflexo mineral fosse um neurônio pictórico em formação.


Pós-scriptum alquímico

Se as pinturas são membranas, aqui elas se tornam células planetárias. Não apenas imagens, mas experimentos de mundo. O petri dish, pequeno e descartável, revela sua potência oracular: uma janela circular para o invisível, onde consciência, técnica e mineral se encontram num magma que nunca se estabiliza.


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