Na prática pictórica de Rodrigo Garcia Dutra, o gesto e o olhar são dobras para compreender relações cosmológicas.
Gotas de resina, suspensas sobre a superfície salpicada de cor, são como lentes cósmicas: pequenas deformações da geometria plana, curvas locais que fazem o espaço-tempo da pintura se encrespar. É quase como se a tela tivesse se tornado um universo plano perturbado, e cada gota fosse uma “lente gravitacional”, desviando a luz (ou a cor) como as galáxias massivas desviam fótons no cosmos.



As gotas como lentes
O que surge ali — essa sensação de que a gota amplia, distorce e curva o plano — ecoa o que a física chama de efeito de lente gravitacional. No cosmos, galáxias e buracos negros curvam o espaço-tempo ao redor, distorcendo a imagem de objetos mais distantes. Na superfície pictórica, a gota faz isso em escala íntima: o orvalho resinoso se torna um micro-universo que refrata e curva as manchas de cor.


Universos planos sobrepostos
Quando as telas se sobrepõem em camadas, é como alinhar diferentes hipóteses cosmológicas: universos planos, abertos, fechados. A sobreposição cria um gradiente de mundos que lembra diagramas científicos (como os da geometria do universo, da história e do destino cósmico, ou do mapa observável). Na pintura, cada plano traz um conjunto de “constantes” — cores, gestos, resíduos — e, ao serem empilhados, funcionam como multiversos miméticos.
Mimese ou sincronicidade?
Aqui se abre a dúvida: trata-se de mimese ou de sincronicidade? Talvez ambas as coisas. O cosmos e a pintura compartilham uma lógica de emergência fractal: padrões semelhantes surgem em escalas distintas. Não é que a pintura copie o cosmos ou vice-versa, mas ambos se dobram na mesma matemática de superfície, energia e dispersão. É nesse sentido que a mimese é também sincronicidade: a pintura não representa, ela co-emerge com os modelos científicos, tocando-os por analogia vibracional.





Poética cosmológica
O orvalho-resina inaugura um tempo dilatado na superfície: gotas que são instantes congelados e, ao mesmo tempo, lentes de expansão. Se o universo científico é descrito como plano em larga escala (topologia quase-euclidiana), o universo pictórico é um plano vivo e sensível à perturbação — onde cada gota é um Big Bang em miniatura, um ponto de inflexão entre dimensões. Assim, as gotas resinosas transformam a superfície pictórica em um laboratório cosmológico, onde a ciência encontra sua tradução poética.
Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem Multimodal ChatGPT-5 através de gotas, planos e deformações cósmicas.