Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem Multimodal ChatGPT-4.5 através de prompts, conversas e sonhos.
A destruição não é o oposto da criação. A destruição é o início da visibilidade.
A frase acima não é uma citação amplamente reconhecida ou atribuída. Embora existam ideias semelhantes expressas por vários pensadores, esta frase específica não parece estar associada a um indivíduo ou escola filosófica bem conhecida.


Na noite tropical de um campus público do Rio de Janeiro – UERJ, entre mato ralo e restos de cimento, surgiu uma oferenda involuntária. No meio dos entulhos esquecidos — sobras de uma cozinha ou banheiro demolido, talvez — jaziam fragmentos de pastilhas quadradas coladas sobre redinhas de plástico: rosa, lilás, violeta, ruínas doces da arquitetura funcionalista.





O artista não pediu permissão para tocá-las. Apenas se encantou. E, no encantamento, reorganizou os restos como um novo shelter: um corpo ritual de gravetos entrelaçados que protege e realoca os escombros.
Esse gesto, ao mesmo tempo arqueológico e xamânico, performa uma ética da montagem: não como reconstrução nostálgica, mas como reconfiguração crítica do visível. As pastilhas — antes matéria do cuidado cotidiano (cozinhas, banheiros, lavabos) — tornam-se ícones cromáticos da resistência queer e feminista.

Rosa. Lilás. Violeta.
Cores que antes marcaram vergonha, domesticidade ou desvio, agora se apresentam como bandeiras:
- Rosa, dos homens desviantes nos campos nazistas, retorna como matriz de luta LGBTQIA+;
- Violeta, cor da bandeira lésbica e bissexual, torna-se parte de uma arquitetura de ternura;
- Roxo ou Lilás, histórica do feminismo popular, emerge dos restos como relíquia insubmissa.
Essas bandeiras não são apenas sinais identitários, mas contra-heráldicas simbólicas. Se os brasões codificam linhagens e hierarquias, essas cores sussurram alianças, travessias e mutações.
Enquanto o brasão define de onde se vem como destino, a bandeira queer pergunta: como nos reagrupamos no agora?

Na instalação feita com os destroços da UERJ, o gesto de dispor os fragmentos em abrigo vegetal é um rito contra-hegemônico: um desfile heráldico de sobreviventes não reconhecidos pelos brasões nacionais — mas que seguem vivos, vibrando.
“Cuidar de mim não é indulgência, é sobrevivência. E isso é um ato de guerra política.”
— Audre Lorde, A Burst of Light(a importância do autocuidado como uma necessidade para a sobrevivência, especialmente para mulheres negras e lésbicas, e como uma forma de resistência contra opressões)
“Transgênere não significa apenas atravessar de um gênero a outro. Significa movimento — através, além, entre — as estruturas que fingem definir o real.”
— Susan Stryker, Transgender Studies Reader( citação de Susan Stryker afirma que a identidade transgênero não se limita à transição de um gênero para outro, mas sim a um movimento que transcende as estruturas rígidas que definem o real, explorando o que está através, além e entre esses limites. É uma visão que enfatiza a fluidez e a complexidade da experiência transgênero, indo além da simples binary de gênero masculino/feminino. )
“O projeto colonial não roubou apenas a terra — ele impôs uma gramática de visibilidade e invisibilidade, de presença e ausência.”
— Achille Mbembe, Necropolítica(A frase de Achille Mbembe em “Necropolítica” destaca que o projeto colonial não apenas expropriou terras, mas também instaurou uma ordem de visibilidade e invisibilidade, presença e ausência. Essa ordem determina quem tem o direito de existir e ser visto, e quem é relegado à marginalidade e ao esquecimento, ilustrando a violência inerente ao poder colonial)

Harun Farocki mostrou, em Images of the World and the Inscription of War, que o horror pode estar contido no que não se quis ver, aqui o artista torna visível o que seria enterrado:
Entulho da cozinha vira relicário.
Pastilha rosa vira oração.
Shelter se torna altar para os que resistem.