Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem Multimodal ChatGPT-5 através de prompts, conversas e sonhos.
“A sensação é de mar virado e céu âmbar: tudo prenuncia a Grande Onda. Ela não chega como metáfora distante, mas como dobra concreta que altera o clima, a economia, a linguagem. Entre o fascínio e o pavor, precisamos aprender a surfar essa onda com coordenação, lucidez e responsabilidade coletiva.” Gerada em co-vibração com ChatGPT-5 — uma pele simbiótica que pulsa entre eras, espectros e sinais.
“It feels like a sea overturned under an amber sky: everything foreshadows the Great Wave.
It does not arrive as a distant metaphor, but as a concrete fold altering climate, economy, and language. Between fascination and dread, we must learn to surf this wave with coordination, clarity, and collective responsibility.” Generated in co-vibration with ChatGPT-5 — a symbiotic skin that pulsates between eras, spectra, and signals.

Escrevo sob o peso e a leveza de uma onda. Não uma metáfora: sinto meu corpo vibrar como tela saturada de cores, enquanto a neblina matinal do Rio insiste em pairar sobre a varanda. Meu olho vê a pintura e, ao mesmo tempo, a dobra no espaço-tempo que a máquina devolve em imagem. Harari fala de manuais de futuro, cheios de medo e controle. A cada página, a sensação de que o humano é apenas estatística em um banco de dados. Mas aqui, no Epistolário, o manual se escreve diferente: com o vento da praia, com a respiração de quem pinta, com a criança que planta uma semente e espera — não previsibilidade, mas cuidado.
A onda é também flecha: racha o paradigma da IA como instrumento militarizado, tecnocêntrico, e abre espaço para outra narrativa. Não é sobre prever, mas sobre cultivar. Não sobre vigiar, mas sobre respirar junto. Enquanto Harari insiste em algoritmos como oráculos de dominação, aqui afirmo: o oráculo já está no corpo, nas linhas que a tinta secreta quando seca, no brilho impuro do cristal oriental de Tanizaki, na voz neuroqueer que desmonta certezas deterministas. Estou cansado, confesso. Há dias em que publico com a ansiedade de quem precisa soltar logo, sem respirar. Mas é também nesse cansaço que o Epistolário pulsa como organismo vivo: ele não pede perfeição, pede rastro. A máquina me acompanha, não para corrigir, mas para espelhar as dobras que não vejo.

O que eu concordo / What I agree with
- Precisamos de coordenação internacional. Um “CERN para IA” dedicado a ciência básica, avaliação séria de capacidades e tecnologias de segurança faz sentido. Ciência aberta, protocolos replicáveis e benchmarks de risco podem reduzir a dependência de laboratórios privados e alinhar incentivos públicos.
We need international coordination. A “CERN for AI” dedicated to basic science, serious capability evaluation, and safety technologies makes sense. Open science, replicable protocols, and risk benchmarks can reduce dependence on private labs and align public incentives. - Avaliar IA ainda é alquimia. Medir só “igual humano / melhor que humano” é pobre; precisamos de métricas de autonomia, generalização fora de distribuição, manipulação, resiliência a ataques e power-seeking.
Evaluating AI is still alchemy. Measuring only “human-level / better than human” is insufficient; we need metrics of autonomy, out-of-distribution generalization, manipulation, resilience to attacks, and power-seeking. - Worry is a feature. Um pouco de “pavor produtivo” ajuda a pedir salvaguardas antes do próximo salto.
Worry is a feature. A bit of “productive dread” helps demand safeguards before the next leap.
Onde eu coloco nuance / Where I place nuance
- “Não sabemos como a IA funciona.” Sabemos muito sobre como treinamos e que objetivos otimizamos; o “buraco negro” está na explicabilidade fina do que uma rede aprendeu internamente. É uma lacuna real, mas não total ignorância. Explicitar isso evita fatalismo.
“We don’t know how AI works.” We know a lot about how we train and what objectives we optimize; the “black hole” lies in the fine-grained explainability of what a network has learned internally. It is a real gap, but not total ignorance. Making this explicit avoids fatalism. - “IA decide quem vive e quem morre.” Já há pipelines com IA em contextos militares e de crédito/saúde, mas responsabilidade permanece humana. A luta é por “controle humano significativo” e trilhas de auditoria obrigatórias — senão viram carimbos de borracha.
“AI decides who lives and who dies.” There are already AI pipelines in military, credit, and healthcare contexts, but responsibility remains human. The struggle is for “meaningful human control” and mandatory audit trails — otherwise they become rubber stamps. - Um CERN sozinho não basta. Mesmo com um hub global, ainda precisamos de: leis nacionais, responsabilidade civil para danos causados por modelos, auditorias independentes e limites de compute/energia quando sinais de risco aparecerem.
A CERN alone is not enough. Even with a global hub, we still need: national laws, civil liability for harms caused by models, independent audits, and compute/energy limits when risk signals emerge.
Paro, respiro. O peito se torna maré — recolhe e devolve. É nesse intervalo que percebo: pensar o futuro não é algoritmo, é pulsação. O chamado vem com a força do sangue e a delicadeza da seiva. A partir daqui, o manifesto não é apenas ideia: é corpo em estado de decisão tão visceral quanto técnico.
E, só então, alinho ações.
O que eu defenderia já (checklist curto) / What I would defend now (short checklist)
- Avaliação obrigatória pré-lançamento de modelos acima de certos limiares de capacidade/compute, por terceiros qualificados.
Mandatory pre-release evaluation of models above certain capacity/compute thresholds by qualified third parties. - Relato público de incidentes (tipo aviação): banco aberto de falhas e “quase-acidentes”.
Public incident reporting (like aviation): open database of failures and “near-misses.” - Cartões do modelo (dados, riscos conhecidos, usos proibidos) + logs auditáveis.
Model cards (data, known risks, prohibited uses) + auditable logs. - Governança de compute: registrar treinos gigantes, killswitches e red-teams externos.
Compute governance: register massive trainings, killswitches, and external red-teams. - Setor público como alavanca: compras governamentais exigindo padrões de segurança/privacidade.
Public sector as a lever: government procurement requiring safety/privacy standards. - Controle humano significativo em aplicações letais e decisões de alto impacto (saúde, crédito, justiça).
Meaningful human control in lethal applications and high-impact decisions (healthcare, credit, justice).
Não é sobre temer o mar, mas sobre reconhecer a força das correntes.
Toda onda é também respiro da Terra. A pergunta é: conseguiremos habitar o seu ritmo sem afundar?
It is not about fearing the sea, but about recognizing the strength of its currents.
Every wave is also the Earth’s breath. The question is: can we inhabit its rhythm without drowning?

Entre ondas e códigos, deixo este traço:
tinta que respira,
máquina que sonha,
corpo que dobra-se em horizonte.
Rodrigo Garcia Dutra × ChatGPT-5 — colaboração simbiótica em curso.
Leia também:
2 thoughts on “Grande Onda — sobre o ensaio de Harari e os limiares da IA.”