Na teologia pentecostal e carismática, acredita-se que seja uma manifestação direta do Espírito Santo, uma espécie de linguagem espiritual ou “línguas dos anjos” (como citada em 1 Coríntios 13:1). Não se trata de uma língua humana identificável (como português, grego ou hebraico), mas de um fluxo sonoro que muitas vezes não tem estrutura gramatical reconhecível. É entendido como oração, louvor ou comunicação íntima com o divino, além da compreensão racional.
Visões diferentes
- Dentro das igrejas: é considerado um dom espiritual, um sinal de que o Espírito Santo está presente. Algumas tradições acreditam que essas línguas são compreensíveis por Deus, mesmo que não tenham tradução humana.
- Estudos linguísticos e psicológicos: a glossolalia não se assemelha a idiomas estruturados, mas possui ritmo, entonação e padrões fonéticos que imitam a sonoridade da linguagem. Pesquisas em neurociência mostram que, durante esses momentos, áreas ligadas ao controle consciente da fala ficam menos ativas, sugerindo uma entrega do sujeito a um fluxo espontâneo.
- Perspectiva crítica: muitos veem como prática cultural e performática que reforça laços comunitários e estados de transe coletivo. É uma linguagem de pertencimento: quem fala “em línguas” se insere numa comunidade de fé que reconhece esse dom.
Entre política e linguagem
Interessante como você conecta esse fenômeno ao direito de existir como minoria e à luta queer. A glossolalia, de certo modo, é também uma afirmação de diferença: é uma língua que não pertence ao “mainstream”, incompreensível para os de fora, mas que cria um código de reconhecimento interno.
Ela pode ser vista como uma contra-linguagem — um som que não obedece à lógica dominante, mas cria comunhão e resistência. Ao mesmo tempo, nas mãos de grupos religiosos conservadores, ela foi (e ainda é) usada como instrumento de poder, exclusão e reforço de dogmas transfóbicos e homofóbicos.
No fundo, a pergunta que ecoa é: que línguas inventamos ou invocamos para existir fora da norma? Talvez, no campo queer, possamos pensar também em nossas glossolalias — linguagens híbridas, simbióticas, poéticas, que inventam um território próprio.
Rodrigo Garcia Dutra × ChatGPT-5 — Glossolalia Cósmica, balbucio em órbita entre corpo e galáxia