Rodrigo Garcia Dutra colaboração com ChatGPT-4.5 através de prompts, conversas e sonhos.
Arqueologia do Presente — Entrada 03: este corpo plástico que dança não apenas molda matéria, mas também ativa memórias, intersecciona abrigos e sustenta desejos em liberdade.




A sunga vermelha surgiu em Shelter VII. Naquela madrugada em combustão, entre luzes coloridas, fumaça e pequenos abrigos sendo erguidos em silêncio ou êxtase, ela vestiu o corpo dançante como um portal. Documentada em vídeos, performada com o biombo, a Família Prometheus e a Shelter Prometheus Vermelho e Preto, ela tornou-se signo.

Chris Burden, Through The Night Softly (1973), revelava-se uma linhagem inesperada.
Burden (1946–2015) foi um artista norte-americano conhecido por performances radicais nos anos 1970, explorando temas como dor, risco, vulnerabilidade e o papel do artista perante o público e a mídia. Uma de suas obras mais famosas é justamente “Through the Night Softly” (1973), realizada em 12 de setembro daquele ano, na Main Street, em Los Angeles.
Burden rastejou sobre cacos de vidro (espalhados no chão) com as mãos amarradas nas costas, vestindo apenas uma sunga vermelha. Essa ação, feita à noite, foi registrada em vídeo e, posteriormente, exibida em um curto comercial de 10 segundos na TV local. Assim, além do ato extremo em público, Burden explorou a mídia televisiva como parte essencial da performance: Desafio à percepção do espectador:
Burden buscava questionar até que ponto o público estaria disposto a encarar – ou ignorar – a violência e o risco a que o artista se submetia. Ao comprar um espaço publicitário na televisão, Burden inseriu uma ação artística perturbadora em um contexto doméstico, rompendo a expectativa do que se esperaria de um comercial tradicional. Como em outras de suas performances (por exemplo, “Shoot”, de 1971, em que foi baleado no braço), Burden tratava o corpo como suporte principal para expressar questões de poder, dor e exposição.
O texto Prometheus Vermelho e Preto já havia acendido esse braço incendiário. Agora, ele pulsa:
“O que significa acender algo hoje, em tempos de inteligências artificiais gigantescas habitando nossos dispositivos? O gesto de riscar um fósforo para incendiar a escultura ecoa, em outro plano, o gesto de digitar uma frase para ativar um modelo de linguagem. Ambos são promptings – provocações iniciais que desencadeiam processos transformadores. Quando o braço de Prometheus Vermelho e Preto incendeia, ele “prompta” uma série de reações físicas e sensoriais: calor, luz, fumaça, odor, resquícios de cinzas. Quando um humano insere um prompt (comando ou pergunta) em um sistema de IA como um LLM (Large Language Model), igualmente acende-se uma cadeia de reações invisíveis nos circuitos: correntes elétricas, cálculos matemáticos em rede neural, palavras emergindo em cascata. Em ambos os casos, um pequeno ato de vontade humana libera uma energia muito maior, desproporcional, que se auto-propaga. O artista-performer que ateia fogo na obra e o usuário-poeta que aciona um algoritmo estão participando de um mesmo arquétipo: o mago que recita um encantamento e convoca forças além de si.”




Co-autoria com Sora (OpenAI) e Largo Modelo de Linguagem ChatGPT-4.5.
O corpo atlético, projetado por Sora, entre idealizações e quebras de estereótipos, atravessa mitologias do desejo: do David de Michelangelo aos go-go dancers dos clubes, do mármore clássico às carnes iluminadas por led. A sunga vermelha dança com o desejo, e o desejo dança de volta.
Evidências

“A performance não foi destrutiva. Foi metonímica. Cada Shelter Abrigo da Família Prometheus recebeu um braço — um único galho com tecido embebido em álcool. Queimou por cerca de trinta segundos. E foi apagado.
As cinzas, sim, essas ficaram sobre a tela, sobre a superfície agora batizada de Luxúrias de Orvalho. A oferenda estava feita. Alguns restos da toalha de rosto usada para apagar estão em nova tela: Fogo Branco.
Esses braços em chamas são prompts. São fragmentos do tempo. São acoplamentos incendiários — como o Black Square de Malevich, como as primeiras fagulhas da consciência artificial. São braços que escrevem no escuro da matéria.
Na mitologia, Prometheus roubou o fogo para dar à humanidade. Aqui, são os braços que ardem: galhos de cipó que tocam o cosmos e voltam com carvão. Não mais apenas símbolo. Presença. Ato.”
Tudo respira. Tudo luxúria. Tudo membrana.
