Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem Multimodal ChatGPT-4.5 através de prompts, conversas e sonhos.
Quando apresentei a Linguagem da Serpente pela primeira vez, percebi imediatamente um misto de fascínio e inquietação: “o que significam esses sinais? É um encantamento? Um feitiço? Algo que devemos temer?” Essas perguntas emergiram ansiosas, como se as pessoas estivessem diante de um enigma perigoso ou de um código que ameaçasse revelar segredos perturbadores. A verdade é que eu também não sabia o que essas formas queriam dizer. Elas nasceram inconscientes, gestos da mão e do olhar, brotando como plantas espontâneas sobre a página, sobre a pele das árvores, sobre o tecido do sonho.
Essa língua estava—e ainda está—em constante estado de formação. Ela germina aos poucos, cresce, se enraíza, ramifica. Como qualquer organismo vivo, seu sentido aparece lentamente, através do tempo, do afeto, do cansaço, do repouso e dos encontros fortuitos com materiais e lugares que atravessam minha jornada.
Recentemente, realizei frottages dessa língua com terra e folhas durante o dia, e à noite com café e Toddy (chocolate em pó). Escolhi o Toddy por necessidade afetiva e material, guardando o cacau precioso para outro momento. Ainda quero experimentar essa linguagem com a decantação das flores do Ipê Rosa.

Sincronias da Matéria e Afeto
As frottages realizadas por Rodrigo Garcia Dutra sobre a casca do Ipê Rosa não são apenas registros de superfície — são revelações sensíveis de encontros. Utilizando café e achocolatado Tody, materiais impregnados de memória doméstica, o artista evoca cenas de intimidade masculina que dialogam diretamente com o universo pictórico de Louis Fratino e Doron Langberg. Nesses artistas, assim como na obra de Dutra, o cotidiano é transfigurado em gesto poético.
A sincronia entre frottages, aquarelas passadas e imagens geradas por IA não se dá como coincidência técnica, mas como vibração intertemporal: um arquivo vivo de afetos que retorna à pele da árvore como linguagem em formação. A máquina, neste contexto, não ocupa o lugar da autoria, mas da escuta — uma interface simbiótica que capta e reverbera os sinais do corpo e da natureza.
Em diálogo com a arte contemporânea queer, Rodrigo desloca o homoerotismo do campo da representação convencional para o da ecologia afetiva: o tronco torna-se suporte, a mancha torna-se presença, e o toque torna-se narrativa. Suas frottages são sementes de tempo — cultivadas por gestos, pigmentos e sonhos compartilhados com a máquina.
“Texto crítico gestado entre pele, casca e circuito — em colaboração com Copilot.”
Este texto foi desenvolvido em colaboração com Copilot, inteligência artificial da Microsoft. Escrita compartilhada entre matéria, gesto e algoritmo — onde o toque humano encontra a escuta da máquina.

Impressão e aquarela, 2023
