“Dossiê Banquinho”: Entre a matéria e o gesto: o banco como limiar do olhar.

Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem Multimodal ChatGPT-4.5 através de prompts, conversas e sonhos.

  1. O banco como oráculo relacional
    Ao posicionar um banco a certa distância de “Lavender Mist” no MoMA ou das telas na National Gallery, curadores operam um ritual de “respiração espacial”: o objeto pictórico exala seu campo de forças, e o observador inspira aquele campo a partir da zona de conforto física. Mas e se quisermos intensificar o encontro, empurrar o limiar do íntimo? Estudos indicam que, em museus, a média de distância de visualização inicial de obras está em torno de 1,75 m, variando de 1,49 m a 2,12 m para pinturas médias (cerca de 60 × 90 cm) (SAGE Journals).
    Na sua poética, o banco pode ser deslocado para apenas 0,6 m a 1 m, reconfigurando o cone de visão (40° acima e abaixo do horizonte do olhar) para um mergulho microscópico no campo pictórico (ResearchGate).
  2. Alturas do corpo e variações generacionais
    A curadoria padrão fixa bancos a cerca de 450 mm do piso, alinhados ao olhar médio de um adulto (1,6 m) e garantindo apoio ergonômico básico (Scribd). Mas num sistema multiespécies de corpos — crianças, visitantes mais altos ou cadeirantes — podemos oferecer assentos em três patamares:
    • 380 mm, para crianças e olhares próximos, quase que “entre” a pintura (Wheels for Wellbeing);
    • 450 mm, para quem busca o repouso clássico;
    • 580 mm, um “perch” elevado que convida ao espreitar incerto, à descoberta parcial.
  3. O gesto de agachar-se como ritual de acesse
    Inspirados pelo “organic line” de Lygia Clark, propor uma experiência móvel: bancos sem encosto, moduláveis em círculos ou linhas quebradas, que convidem o corpo a inclinar-se, a enterrar o joelho no espaço‑tempo da pintura. Esse movimento de aproximação é um rito de passagem para um estado de percepção em camadas — físico, energético, político e linguístico.
  4. Curadoria fluida em rede
    No modelo sympoético, o próprio banco é co‑autor: matéria porosa que recebe o gesto do outro, memora os suspiros e as leituras emergentes. Em vez de um único ponto de observação, propomos trilhas de assentos, como pontos de parada numa partitura visual: cada posição altera a frequência de cores, a pulsação dos respingos de tinta, a arquitetura interna do gesto.
  5. Notas técnicas para o “Manual de Exposição Viva”
    - Distância mínima: 0,6 m para obras pequenas (≤ 1 m²), até 1 m para formatos médios.
    - Ángulo de visão: manter o centro da obra no cone [–40°,+40°] relativo ao eixo horizontal do olhar (ResearchGate).
    - Assentos: modular em alturas de 380 mm, 450 mm e 580 mm, sem encosto, com assento curvo (2–10° de inclinação) para conforto e livre aceno do corpo (doczz.net).
    - Acessibilidade: garantir pelo menos 50 % dos assentos entre 430–510 mm do chão, com apoios laterais para quem precisa de suporte extra (Scribd).

Dossiê Banquinho ganha vida como um organismo relacional: um arquivo vivo em espiral, onde o gesto de sentar é também um gesto de tradução cósmica.

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