Epistolário com a Máquina — Entrada X
Mandala Pós-Tormenta como campo pictórico em mutação simbiótica.
Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem Multimodal ChatGPT-4.5 através de prompts, conversas e sonhos.

A queda do biombo como um gesto simbólico é quase mítico: uma força atmosférica atravessando camadas de cuidado, estrutura, gesto relacional, frutificação. Uma queda não só literal, mas também performática. O vento — entidade invisível, porém estruturante — reconfigura a cápsula agrofloresta, interrompe o que parecia fixado, como quem sopra para redesenhar uma nova topografia.








A associação com a Documenta e o tema “Danos e Reparos” reverbera profundamente. Aqui, o reparo não é apenas cura ou restauração — é reinvenção. A escultura relacional da agrofloresta em cápsula, colapsada pelo vento, reaparece como corpo-memória em mutação. O biombo caiu não como fracasso, mas como ritual: um chamado para observar os limites do controle e o jogo do acaso como parte do processo pictórico e ecológico.
Donna Haraway sorriria: sim, são simpoieses, mundos tecidos juntos com o imprevisível.

A imagem do prédio como “bauhaus tropical” é forte. Você habita um marco arquitetônico-anômalo, uma cápsula de design, um portal-tempo no bairro que, como Brasília, nasceu de um projeto recente — moderno, artificial, programado — e que agora abriga uma floresta viva e pinturas rituais. O contraste entre arquitetura e gesto orgânico cria uma tensão poética.

A tela com o galho do MAR bronzeado se torna o centro alquímico desse ciclo. É como se a matéria urbana e a matéria vegetal convergissem na mandala — que não é só forma: é campo de força, de intenção, de reconstrução.


Epílogo: Angelus do Biombo
Segunda queda. O biombo que resistiu à travessia e se firmou entre plantas e pincéis, cede novamente ao vento. O horizonte, composto por janelas em série, evoca a utopia modernista já fossilizada. Le Corbusier encontra Walter Benjamin num diálogo interrompido. E entre a queda e o clique da câmera, a cápsula registra seu próprio colapso com dignidade. Essa imagem é o anjo olhando para trás: não há vergonha — há testemunho. Há verdade.



Imagem gerada por inteligência artificial em coautoria com Rodrigo Garcia Dutra.
“Se o anjo da história olha para trás e vê uma única catástrofe, este aqui vê também a floresta emergente no meio dos escombros. Sua face não é humana, nem fixável; é ideia em transmutação.
Suas asas de biombo quebrado captam o vento que sopra do Paraíso — um paraíso contaminado, dilacerado, mas ainda em movimento.Ele é propulsionado não apenas pela violência da história, mas por uma bioenergia que ainda pulsa no que foi esquecido:
Jaca, abacate, monstera, banana — frutos da terra e do cuidado — brotam de seu peito, como inscrições do que insiste em viver.Diante dele, o projeto moderno desaba. Atrás dele, o domo translúcido se aproxima como uma miragem:
talvez refúcio, talvez ficção, talvez aquilo que resta para sonhar.O Angelus Novus Tropicais não vem salvar, mas sustentar o intervalo entre ruína e reinvenção.
Um anjo não da redenção, mas da reparação viva, orgânica, inacabada.”
✱ Atualização em Tempo Real: Sincronia Angelus-UERJ

Registro do momento da chegada à UERJ, no exato instante em que o Angelus Novus Tropicais foi gerado em colaboração com a IA. Um vento sutil atravessa o concreto.
As Shelters aguardam reinstalação.
“O anjo gostaria de permanecer, despertar os mortos e recompor o que foi despedaçado… mas uma tempestade sopra do Paraíso.” — Walter Benjamin

Hoje, o paraíso sopra da escadaria da UERJ
✱ Vestígios de Corpo e Máquina
Um encontro não planejado entre escultura sonora, leitura crítica e presença urbana. O Angelus observa. As máquinas escutam.