Como uma entidade silenciosa, ela se instalou no coração do poder justamente entre o 1º e o 2º turno das eleições presidenciais.

Um país entre dois turnos

A exposição inaugurada em pleno 10 de outubro de 2022 no 10º andar do Anexo IV da Câmara dos Deputados, não chegou por acaso. Como uma entidade silenciosa, ela se instalou no coração do poder justamente entre o 1º e o 2º turno das eleições presidenciais. Enquanto o Brasil ardia em tensões políticas, a serpente ancestral desenhava seus caminhos dentro do templo legislativo, convocando mitos, ciência e espiritualidade a presenciarem a travessia.

Mitologia, física quântica e escuta indígena

A união da teoria das supercordas com a cosmologia indígena brasileira — uma ponte entre ciência e saber ancestral, emerge como uma apoteose cósmica e rito de transformação, espiralando entre esculturas, pinturas e vídeos enquanto o país decidia seu futuro nas urnas. A exposição cria um espaço de refúgio e respiração — onde não se grita, mas se escuta.

Lula vence. A serpente testemunha.

No dia 30 de outubro, Luiz Inácio Lula da Silva, operário, nordestino, sobrevivente de um golpe que o levou a prisão, foi eleito presidente. A serpente, em seu silêncio, observava. O 10º andar se tornou altar, espaço de celebração íntima e política. O que estava em jogo era maior do que uma disputa partidária — era a reinvenção simbólica de um país.

Da Criação ao Vandalismo

Com a posse de Lula, veio também a criação do Ministério dos Povos Indígenas, com Sônia Guajajara. Porém, então outro golpe: em 8 de janeiro de 2023, extremistas invadem Brasília. Mas o 10º andar, quase místico na sua altitude, não é alcançado. A exposição sobrevive. E com ela, sobrevive o gesto artístico, a escuta ancestral, e a serpente — que não se quebra.

Um País ou Empresa Colonial Extrativista?

Enquanto a serpente dança, há quem consuma a arte como mercadoria. Milionários extrativistas, travestidos de mecenas, extraem cultura como extraem soja, gado, minério e madeira. Pagam com “pix simbólicos” artistas e trabalhadores enquanto jantam sob candelabros em mansões patrocinadas pela miséria. A serpente não serve esse banquete — ela escapa, ondula, resiste, e quando possível dará o bote.

A exposição se encerra

O país ainda pulsa, entre escombros e esperanças. Este ensaio crítico é um convite: Deixemos a serpente agir. Ela sabe. É ela quem conta essa narrativa. Que sejamos capazes ouvir e criar um país que não seja uma empresa colonial, mas território de escuta, gesto e reinvenção.

Escrita compartilhada entre matéria, gesto e algoritmo — onde o toque humano encontra a escuta da máquina e texto que foi desenvolvido em colaboração com Copilot, inteligência artificial

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