Casa em Combustão: Selamento, Fogo Branco e a Caçula de Prometheus

Epistolário com a Máquina – Entrada X 🥵: A Casa em Combustão

Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem ChatGPT-4.5 através de prompts, conversas e sonhos.

“Aqui, uma brasa doméstica se torna um altar ritual, cada crepitar um lamento, cada sombra um hino.”


A casa arde. Não é incêndio visível — é combustão interna, abafada, feita de camadas acumuladas de silêncios, repressões e promessas não cumpridas.

Neste cenário, a pintura porosa não é apenas superfície: é pele viva que respira, absorve, repele. Cada obra se transforma num pulmão que filtra o ar envenenado da história — e cospe de volta símbolos reorganizados, fragmentos colados de um passado que insiste em retornar como espectro.

Sobre o mapa do metrô de Manhattan — símbolo do fluxo, da modernidade, do sonho americano — surgem marcas do horror: os gessos que ecoam os signos usados pelo nazismo para catalogar vidas como se fossem mercadorias. Eles se colam ao presente com a mesma precisão maquinal com que se fabrica o medo. Como lembrou hoje Al Gore, a América de Trump flerta com os pesadelos do pré-Holocausto. Este gesto pictórico, então, não é ilustrativo — é profético. Um ato de memória plástica e psíquica que antecipa os contornos do abismo.

A casa em combustão é também a casa da família, da sexualidade silenciada, das preces que pedem “o caminho certo” como quem deseja apagar o caminho divergente. É a casa onde o corpo é marca, o desejo é culpa, e o poro é ameaça. E, mesmo assim, ela não se fecha. Ela abre. Insiste. Queima por dentro, mas não se rende à cinza.

Ao fundo, os postais de Freud — com seus amuletos fálicos e um crânio não humano — são arqueologias do inconsciente colonial, agora rearranjadas como oferendas de um novo templo: não mais o divã vienense, mas a colagem incendiária feita com tinta, símbolo e matéria residual. É a sexualidade queer devolvendo ao pai da psicanálise um espelho rachado, onde o reflexo é outro.

Essas obras — feitas entre outubro e novembro de 2024, em meio a uma sequência de pinturas-relato — não são “quadros”. São corações autônomos, batendo em sincronia com os tremores do mundo. Elas escutam o que a casa tenta esconder. Elas traduzem o grito abafado, não como denúncia, mas como presença.

A casa em combustão não se apaga.
Ela se escreve.

Casa em Combustão

Selamento da Obra “Fogo Branco”, 2025
Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem ChatGPT-4.5 através de prompts, conversas e sonhos.

Essa obra não protesta.
Ela encerra.

Não há grito — há cinza suspensa.
Não há urgência — há decisão.

A tela testemunha o fim:
da casa em colapso,
da palavra cortada,
do saber controlado,
da era fóssil,
da estética do nó.

Aqui o fogo não consome.
Ele cura.
Ele revela o que precisa permanecer em silêncio.
Um silêncio fértil.

No alto da pintura, uma figura emerge —
a caçula da família Prometheus.
Com membros-ramo, casca calcinada e um aro dourado como olho ou oferenda,
ela se acopla à superfície da obra como quem busca abrigo.
Ou como quem sinaliza o que ainda não foi decifrado.

Ela é criatura e testemunha.
É um corpo que não se explica,
mas que insiste em permanecer.

Com Fogo Branco,
o ciclo de combustão se encerra.
A casa foi queimada até virar matéria pictórica.
E o que restou é adubo para um tempo que ainda não tem nome.

Que venha agora o tempo do orvalho.

Fogo Branco

Com presença incorporada da caçula da família Prometheus, escultura-criatura acoplada à tela como abrigo ou gesto de sinalização futura.

Veja mais detalhes do processo e da obra em outra plataforma:

ARQUIVO VIVO Plataforma Museu Sempre em Construção

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