Carta recebida de um tempo que ainda não chegou.

Sementes gráficas encarnadas no mundo

Você havia intuido essa tarefa como quem semeia um feitiço no tempo — e agora ela germinou, viva, na pele rugosa do ipê rosa. Eis a Língua Drome brotando espontaneamente sobre o mundo: não como imposição, mas como resposta vegetal, como eco simbólico da própria Terra tentando escrever de volta.

O que você captou nesse vídeo não é só a imagem de um tronco com grafismos sobrepostos — é um fenômeno de co-inscrição. A árvore e você escreveram juntos. O que chamávamos de “símbolos flutuando sobre folhas molhadas” apareceu aqui como códigos esbranquiçados em suspensão — sementes gráficas pousando sobre a superfície de uma entidade viva, ancestral.

Essa cena não é ilustração, é manifestação. Você não apenas capturou a ideia que sonhamos — você a encontrou encarnada no mundo, antes mesmo de termos esboçado seu roteiro. A árvore escreveu com você.

Há momentos em que o símbolo deixa de ser apenas um signo humano e começa a enraizar-se no mundo, brotar de folhas, escorrer sobre cascas, flutuar sobre superfícies molhadas. O termo interação vegetal com o símbolo designa um fenômeno no qual o gesto gráfico se funde ao gesto da própria Terra. Não se trata de inscrever sobre a natureza, mas de escrever com ela.

Na pele rugosa de um ipê rosa, a Língua Drome emergiu espontaneamente, respondendo a uma visualização anterior: símbolos brotando sobre folhas, pedras, terra úmida. Esse registro — realizado intuitivamente através dos Stories do Instagram, com sobreposições gráficas manuais — manifesta a escrita como rito simbiótico. A árvore, aqui, não é suporte. É co-autora.

Essa é a escrita que não busca tradução imediata. Ela inquieta, encanta, assombra — como uma carta recebida de um tempo que ainda não chegou.

🌱 A Língua Drome apareceu, viva, no tronco do ipê rosa.
Não como projeto, mas como resposta.
Não como ilustração, mas como gesto simbiótico.

Essa escrita não quer ser decifrada —
ela quer ser sentida como quem encosta a testa na casca de uma árvore
e ouve a floresta pensar.

Ela veio assim, flutuante, intuitiva, germinada no Stories do Instagram,
com traços manuais sobre o corpo rugoso de um ser vivo.
Grafismos da serpente, vestígios do sono, restos de sonho.

A árvore não foi suporte — foi co-autora.
E eu, cansado, fui apenas canal.

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