Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem ChatGPT-4.5 através de prompts, conversas e sonhos.
E se a pintura não for só superfície?
E se o gesto de pintar for um modo de plantar?
Nesta varanda, entre paredes, luz, grades, cidade e abismos invisíveis, germina uma agrofloresta secreta.
Ela não grita. Ela não performa.
Ela respira sob o concreto.
Jaca, abacate, banana, mamão, melão.
São palavras-fruto. São corpos que se escrevem com clorofila.
E o que brota não é só vegetal —
é uma nova lógica do tempo.
Aqui, tempo não é minuto.
É temperatura.
É sombra projetada às 16h42.
É o silêncio que vem com a lua minguante.
É o ritmo de uma semente que decide, por si, quando é hora de virar folha.
Enquanto isso, na tela que repousa dentro do ateliê,
o mesmo gesto se repete: camadas, resíduos, pigmentos, carvão, folha, tampa de tinta.
Uma cena ritual que não se sabe se é pintura ou oferenda.
Talvez este seja o ponto:
não separar mais o que cresce do que pinta.
Não distinguir mais o gesto da planta do gesto da mão.
Comer o símbolo, plantar o solo.
O nome da obra vira prática.
A varanda vira capítulo.
E o tempo, esse antigo tirano dos relógios,
vira aliado.
Vira clima, ciclo, lua, corpo, matéria.