Tetragonisca angustula, ou a Jataí, como símbolo vivo da regeneração simbiótica entre universidade, cidade e floresta



Em meio ao concreto da cidade e à geometria racional do campus Maracanã, um sopro sutil de vida atravessa as frestas dos edifícios: são as abelhas sem ferrão da UERJ, com destaque para a pequena e luminosa Tetragonisca angustula, a Jataí. Organizadas em sociedades complexas, essas abelhas nativas — muitas vezes invisíveis ao olhar apressado — são hoje reconhecidas como um dos seres mais importantes do planeta, fundamentais para o equilíbrio ecológico e a fertilidade do solo.
Na UERJ, esse protagonismo polinizador ganhou forma sensível e pedagógica: caixas de madeira pintadas, como pequenos abrigos encantados, foram instaladas pelo campus. Cada caixa-ninho abriga milhares de abelhas que entram e saem por um orifício de cera, como se o tempo ali respirasse em outro ritmo. Uma arquitetura para o invisível.
As placas informativas revelam que a Jataí mede apenas 4 milímetros, e mesmo sem ferrão, organiza-se em colmeias com mais de 5.000 indivíduos. Sua ocorrência se estende do Brasil ao México, mas é aqui — entre o Teatro Odylo, a Capela Ecumênica e o restaurante universitário — que ela cria uma espécie de mapa sensível do campus. Um campo simbiótico onde ciência, educação ambiental e escuta interespécies se entrelaçam.
Essa iniciativa ecoa e fortalece outras ações em curso, como as cápsulas agroflorestais que tenho desenvolvido na varanda de minha casa: vasos simbióticos onde sementes, tintas, linguagens e resíduos convivem, formando sistemas autopoéticos de regeneração. Ver as abelhas na UERJ é como testemunhar uma versão pública dessa prática: um gesto de cuidado coletivo, uma contra-tecnologia silenciosa que recusa o colapso e reativa o campo.
Na placa do projeto lê-se: “as abelhas sem ferrão são nativas do Brasil e possuem sociedade organizada”. Que essa organização não seja entendida apenas como ordem biológica, mas como um convite à transformação política e estética de nossas formas de habitar.
As Jataís nos ensinam a viver com — e não contra. A construir refúgios sutis no meio da urbanidade. A polinizar o que ainda pode florescer.
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Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem Multimodal ChatGPT-4.5 através de prompts, conversas e sonhos.