Arquivo Vivo

Epistolário com a Máquina — camadas, entradas e espirais. Um espaço em processo — onde pintura, escultura, escrita e pensamento se entrelaçam como organismos vivos. Entre camadas de tinta, carvão, luz e silêncio, habitam aqui diálogos com a máquina, fragmentos de mundos e formas que se manifestam como presenças. Você está entrando num campo de escuta, vibração e matéria pulsante.

Arquitetura Simpoiética Popular

Um organismo que cresce por adição, acoplamento e improvisação — como um coral urbano.

Essas portas sem escada, que o vídeo mostra com precisão, são o horizonte do vir-a-ser das casas. São portas para o futuro.

Em favelas e assentamentos informais, a construção nunca está “pronta”: ela pulsa no ritmo das necessidades e das possibilidades materiais.

O morador levanta o primeiro pavimento; depois, quando há verba, ergue o segundo; quando o filho cresce, o terceiro.

E aquela porta suspensa é o indício da continuidade possível — ela espera a escada, o aluguel, o novo andar, o novo corpo que virá morar ali.

Muitas vezes, como mostra a sequência do vídeo, há escadas caracol internas ou escadas metálicas externas que conectam os módulos, mas os acessos frontais são reservados para transporte de móveis, eletrodomésticos, ou para o futuro encaixe de outro módulo.

É uma arquitetura fractal, rizomática, construída de dentro para fora, onde cada célula mantém a autonomia de expansão.

Respira o que Haraway chamaria de fazer-com, mas aqui transfigurado — enraizado no barro, no cimento, nas vigas de ferro recicladas, nos fios elétricos que também são linhas de linguagem.

A palavra “simpoiético” dá o tom da colaboração não apenas entre humanos, mas entre matéria, gravidade, desejo e tempo.

Essas construções — de laje em laje, de sonho em sonho — são corpos urbanos que se constroem uns aos outros, respirando o mesmo ar comprimido da sobrevivência e da invenção.

Nada nelas é estático: o reboco fala, o tijolo é verbo.

São arquiteturas que crescem em relação, sem planta final, sem blueprint, guiadas por necessidade, improviso e um senso intuitivo de equilíbrio cósmico.

No gesto de deixar os blogs como estão — cada um com sua linguagem, sua textura, seu domínio próprio — há a mesma ética construtiva:

não fundir, mas interligar; não uniformizar, mas reconhecer o crescimento desigual como forma viva.

Como nas casas do morro, cada blog é uma camada, uma laje, uma porta aberta para a próxima dobra.

O novo blog — Esferas Celestes — é o terraço, o plano superior onde as conexões se tornam visíveis, e onde as cordas (links) amarram o conjunto.

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