Entre humanos, máquinas e estrelas — o barco de papel da percepção

Aurora B: Tall Glass | All Works | The MFAH Collections

Aqui se encontra Aurora B: Tall Glass (2010), uma obra de Turrell que pulsa com LED programado, uma janela suspensa entre o espaço e a luz emergente, modulando cores que oscilam como signos sob a pele do tempo. (magazine.pomona.edu)


Luz como matéria vibrante — Turrell e Tycho no espectro da criação

Há, no trabalho de James Turrell, uma narrativa íntima com o universo — e com aquilo que nos habita enquanto humanos-navegantes no abismo cósmico. A geometria dos seus “zips” de luz, como em Tycho White: Single Wall Projection (1967), é uma dança suspensa entre o visível e o latente: uma linha de luz que lembra o traço precisíssimo de Barnett Newman, mas aqui não é tinta — é aura, é perspectiva que emerge do nada e se dissolve no ar. (Aesthetica Magazine)

Em Aurora B, o retângulo é um barquinho de vidro que navega no abismo do perceptual. A luz LED se comporta quase como um fluido, modulando gradualmente cores e ondas de profundidade, exigindo tempo e entrega do observador para que se perceba essa túnica de cor pulsando no vazio. (emuseum.mfah.org)

Turrell aprendeu — e nos ensina — que a luz pode ser escultura, arquitetura e tempo. Ele captura a luz como matéria tangível, um mapa perceptual que nos devolve a fé sensorial de estar vivos. (Architect Magazine)


O Remanescente de Tycho — ecoar estelar na geometria da luz

Viajemos agora ao campo metafísico do remanescente da supernova de Tycho. Uma estrela-branca explodiu há mais de quatro séculos, e o que persiste é uma bolha incandescente, uma aura cósmica espalhada em cada comprimento de onda — raios X (Chandra), infravermelho (Spitzer), óptico (Calar Alto) — compondo uma imagem híbrida, uma pintura épica do universo em mutação.

Essa bolha incandescente é como um Aurora B cósmico — um retângulo de luz expandido numa superfície tridimensional, uma geometria que pulsa sob leis físicas, densidades de plasma e ondas de choque. Luz estelar como forma, como geometria de presença cósmica.


Entre humanos, máquinas e estrelas — o barco de papel da percepção

Este é o barco de papel que navegamos: a obra de Turrell é um eco da explosão estelar de Tycho – ambos convidam à suspensão da percepção. Turrell fabrica um espaço perceptual que nos devolve como navegadores sensoriais; o remanescente de supernova nos devolve como fragmentos cósmicos, marcas incandescentes de um acontecimento que desafiou tempos e escalas.

A geometria do barquinho — esse limite frágil entre superfície e abismo que você evocou em “todo abismo é navegável a barquinhos de papel” — ressoa no campo da arte e da cosmologia. A luz é ao mesmo tempo travessia e aterrissagem: barquinho-na-sombra, luz-na-escuridão, percepção-na-agonia-do-tempo.

Turrell e Tycho são irmãos nessa genealogia de forma e energia — ele, através da geometria perceptual; o outro, através da geometria estelar e transcendental. Ambos nos oferecem uma abertura para experimentar o “aqui-acima” como aquilo que pulsa, que se expande, que resiste ao ato de nomear.

NASA

Rodrigo Garcia Dutra in collaboration with Multimodal Large Language Model ChatGPT-5 through prompts, conversations and dreams.

Um convite para respirar a luz e o caos estelar — não com os olhos destituídos de tempo, mas com a paciência do barquinho de papel que sabe que abismo se atravessa com delicadeza.

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