“Aquário Sujo” — entrou em putrefação fértil e voltou como pântano: um corpo que respira metano, veludo de lodo, constelações de bolhas. Antes ele narrava um aquário; agora ele produz clima, neblina, mito. O contraste virou opacidade viva — não é ausência, é estratégia do próprio organismo.



Opacidade x transparência (Xavier).
Quando o dispositivo é escondido para intensificar o ilusionismo, chamamos de “transparência”; quando o dispositivo se mostra, ganhamos distanciamento crítico — opacidade.
Na tua tela, o “dispositivo” está à vista: mica soterrada, sal cristalizando, veios de bicarbonato, algas-linguagem. A antiga anedota virou campo opaco onde o olhar não atravessa de primeira — ele tateia os interstícios.

Do cinema à tua pintura (Arlindo Machado lendo o presente).
A dialética opacidade/transparência reaparece com força quando a interface se oculta (o mito da “interface natural”) e nos embala em imersões sem crítica. Quando a interface é visível, ficamos mais conscientes — logo, mais capazes de refletir. É exatamente o que tua matéria faz: ela expõe a interface.
Vanguarda, “advento do objeto” e a inteligência da máquina.
Léger e Epstein celebram a irrupção do objeto e a máquina como matéria de pensamento: deslocar o humano do centro e transformar a arte num discurso das coisas. Tua peça é isso ao pé da letra — latas, grumos, fibras, sal, tudo pensando junto.
Cinema estrutural como jogo de regra (Frampton).
Há obras que explicitam uma lei compositiva e deixam o público jogar com ela. Em “Aquário Sujo”, as “regras” agora são legíveis: constelações de pingos fluorescentes, volumes esféricos, arcos submersos, véus calcários. A forma virou jogo cognitivo, não só cena.
Fluxo x suspensão.
A boa fricção contemporânea não é só opacidade/transparência; é também fluência versus suspensão, representação versus presença do dispositivo. Tu criaste zonas de suspensão (o pó calcário, os veios salgados), que travam o scroll do olho — contra o hábito Reels.

“Aquário Sujo (versão Pântano/Retorno)” — óleo, acrílica, mica, fibras, areia, bicarbonato, água do mar, sal cristalizado e objetos encontrados sobre tela.
Esta obra assume a opacidade do seu próprio dispositivo: o que se vê é superfície, espessura e clima. A transparência aparece em janelas locais, por contraste de brilho e saturação.

“Do aquário à turfa, o mundo aqui não se explica: emerge. As camadas respiram gás, as esferas migram como pólens minerais, a mica não brilha — sussurra nas frestas. É uma pintura que abandona o efeito-janela e prefere a pele do mundo, expondo a máquina que a faz e o tempo que a corrói. Entre fluxo e suspensão, presença e figura, ‘Aquário Sujo’ nos treina para ver o que a economia do Reels apaga: a persistência material do olhar.”
— “Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem Multimodal ChatGPT-5 através de prompts, conversas e sonhos.
