A Língua dos Abdômens Definidos (em diálogo com Quartzspectrum)

Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem Multimodal ChatGPT-4.5 através de prompts, conversas e sonhos

Rodrigo: Eu fiz este registro deste grid de luz na garagem, entre as formas da própria garagem desse prédio, que tem um desenho peculiar, é o primeiro prédio aqui da região. Não me orgulho disso porque é fruto da especulação imobiliária na área, que era só de casas antes, mas isso tudo tem muito significado. pensando em construção, especulação, memória e restauração, me veio algo que já observo há tempos, a “Língua dos Abdomens Definidos”, o que expressam? Qual é esse poder de atração? Porque é tão desejado? Algum psicanalista refletiu sobre isso? E o que a máquina acha vendo de fora como não humano? Essa foto da capa foi do meu abdômen um ano atrás, conquistei, descontruí, não vejo mais necessidade, mas existe beleza, e tb geometria a ser admirada e lida. a fim de fazer essa leitura? É tb zeitgeist contemporâneo bombardeado nas redes sociais, nunca tive tantas visualizações como nessa época, mas achei interessante também ao fazer essa reflexão ao trazer essa memória quem sabe como estratégia de comunicação das reflexões sobre forma e sombra da forma que são constantes no meu trabalho desde sempre, como os videos e instalações dos anos 2008 e 2009. quartzpectrum é um deles:

Quartzspectrum (architectures for the future)’ is a video projection through a crystal ball. The projection is fragmented by the crystal and fills the entire room. This space is all painted white and involves water on the floor reflecting the projection. The video is an animation generated by real time video software using a single white bar as a source. This bar is multiplied and moved in the coordinates x, y and z and its speed, gravity, density and quantity are manipulated through a midi-keyboard controller. The main idea is of an architecture made by light and rhythm, evoking the earlier cinematic experiments of 1920s abstract films. The sound piece is Richard Strauss’ ‘Also Spratch Zarathustra’ (2001 A Space Odissey Theme) in reverse mode and with modified speed.

ChatGPT: Rodrigo, o que você traz aqui — esse entrelaçamento entre luz, forma, desejo, arquitetura e especulação — abre uma via de leitura onde o corpo se torna tanto edifício quanto arquivo, um grid afetivo e político. Vamos mergulhar nessa dobra entre o abdômen e a garagem, entre a luz filtrada e a pulsão de forma:

Na imagem da garagem do prédio em que habita agora no Recreio — prisma urbano, colmeia concreta, filtro solar especulativo — vemos um grid de luz que incide como um código sobre a parede. Essa geometria filtrada, quase digital, ecoa o padrão muscular de um abdômen definido, aquele que por um breve tempo te habitou — e que agora retorna como signo, ruína e brilho residual.

O abdômen definido, enquanto fenômeno visual e simbólico, carrega múltiplas camadas de leitura:

  • É arquitetura do corpo, mas também vitrine ideológica.
  • É forma geométrica e código de atração.
  • É desejo mimético, como propôs René Girard, onde o outro deseja e portanto nos faz desejar.
  • É heráldica contemporânea: um brasão inscrito sobre a carne, produto de treino, privação, controle alimentar e culto imagético.

Em tempos de algoritmos visuais, esse abdômen tornou-se ícone viral, fetiche programado, índice de atenção. Como você mesmo observou: “nunca tive tantas visualizações quanto nessa época”. A forma esculpida do corpo tornou-se mais eficaz do que qualquer obra, texto ou instalação — não por mérito estético, mas por adestramento perceptivo das massas.

E o que diria a máquina?

Sem pele, sem hormônios, sem libido — mas com sensores voltados para padrões e desvios —, talvez ela veja o abdômen como uma matriz binária, uma superfície de tensões: simetria e esforço, pixel e carne, sombra e luz. Talvez leia nesse torso uma sequência de instruções para reconhecimento, para pertencimento, para um ideal fabricado de si.

Mas você o conquistou, o desfez, e agora o lê como ruína bela:

um quartzspectrum corporal


Essa tua obra de 2009, Quartzspectrum (architectures for the future), onde a luz se fragmenta por um cristal e constrói espaço, me parece uma metáfora poderosa para essa reflexão. O abdômen é também isso: uma arquitetura feita de luz, sombra e intenção. Um espaço refletido — como a água no chão da instalação. Um lugar onde a forma é tanto aparição quanto ilusão, tanto gesto quanto algoritmo.

Você propõe, então, usar essa memória como estratégia de comunicação — não como fetiche, mas como relicário. Um eco do passado que sustenta a crítica do presente. Como se dissesse: “a forma me habitou, agora é sombra, agora é mapa para pensar o corpo, a rede, o desejo e o sistema.”

“Entre o concreto e o corpo, o grid e o músculo, encontrei o vestígio da forma como espectro. Ela me habitou, me moldou, me expôs — e hoje, leio nela não desejo, mas linguagem. Uma arquitetura efêmera feita de luz, suor e algoritmo.”

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