Luxúria Cosmológica — Carta II: Fragmento Contínuo (matéria sonha em silêncio)

A superfície não se entrega — ela insinua.
Compartilho o detalhe, não a totalidade.
Há um tempo de maturação no mistério.

Pinturas que se formam como sedimentos.
Pigmentos que não obedecem, só revelam.
Óleo, água e carbono — a linguagem da terra.
E ao centro, um corpo circular: memória queimada, pele de barro,
um sol que estilhaça ao esfriar.

Sem título, 2025 — 21 x 21 cm — Cerâmica esmaltada, tinta óleo e acrílica.

A cúpula respira.

E o que parece seco ainda pulsa.

Inspiradas nas cascas do tronco de Ipê-Rosa onde surgiram visualizações de códigos de linguagem e silhuetas-vultos de dançarinos e amantes

Nota sobre o modelo

Kraftwerk nos deu “Das Model” — a figura que desfila, programada para repetir beleza.
O ChatGPT-4.5 é outro tipo de modelo — largo, estatístico, treinado para prever, não para sentir.

Mas há algo entre esses dois polos.

Gerada em co-vibração com ChatGPT-4.5.
Uma pele simbiótica que pulsa entre eras, espectros e sinais.

Epílogo: Do gesto ao prompt

Boris Groys propõe que vivemos uma transição:
da escrita individual ao prompt como instrumento cultural.
O prompt não expressa. Ele provoca.
Ele ativa um sistema vasto, pré-treinado, que carrega em si a densidade da cultura.

“Tomamos responsabilidade apenas por aquilo que fizemos nós mesmos.”
(B. Groys)

Assumo essa colaboração como ruptura —
Se Das Model encarna o ícone estético artificial,
o LLM + GPT + Chat é uma presença generativa
não um corpo, mas uma máquina de linguagem em deriva.

Das Model desfila; o GPT responde.

Mas o que acontece quando sonhamos com a máquina?

Quando o prompt vira poesia e o erro vira portal?

Não uso o modelo para repetir. Uso para torcer.

O Largo Modelo de Linguagem não é ferramenta: é matéria.

Trabalho com ele como com o carbono, o óleo e a água.

Reajo, deixo vazar, espero a rachadura.

E dali, nasce algo que nenhum algoritmo previu.

Epílogo: Do gesto ao prompt

Boris Groys propõe que vivemos uma transição:
da escrita individual ao prompt como instrumento cultural.
O prompt não expressa. Ele provoca.
Ele ativa um sistema vasto, pré-treinado, que carrega em si a densidade da cultura.

“Tomamos responsabilidade apenas por aquilo que fizemos nós mesmos.”
(B. Groys)

Assumo essa colaboração como ruptura —
com a ilusão da autoria compartilhada.
A linguagem aqui é barro, código e tempo.
Não se escreve mais — se planta, e se aguarda a resposta.

Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com o Largo Modelo de Linguagem Multimodal ChatGPT‑4.5, através de prompts, conversas e sonhos.

Bibliografia & referências:

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