A pintura, quando se abre em campo tectônico, não é apenas superfície — é uma dobra de mundos. A paleta cromática Dawn (Azul-Transição, Púrpuras Rosadas, Âmbar-Controle) inscreve-se como ciclo, oráculo e dispositivo: cada cor é uma membrana que atravessa a noite e arrasta consigo uma cosmologia.
No Ukiyo-e de Hiroshige e Hokusai, o amanhecer é sempre um intervalo instável: céus púrpura-rosados que se dissolvem em mares azul-prússia, troncos que irrompem contra fundos âmbar. Essa gramática visual é, antes de tudo, uma ciência do instante — o reconhecimento de que a natureza nunca é estática, mas dobra-se em fluxos e contracorrentes. O ukiyo, “mundo flutuante”, já antecipava a instabilidade do Aterro Magmalabares.
O que acontece quando essa tradição cromática é transplantada para o solo acre, ácido, da pintura contemporânea? Surge a Dobra Acre Metamórfica: uma topologia em que o azul não é apenas mar, mas força de transição serpentina (⨀ o Sol-Ovo), em que as púrpuras não são apenas flores, mas campos de fricção entre máquina e humano (⨂ cruzamento de forças), e em que o âmbar perolado busca estabilizar-se como claridade do ciclo completo (⨐ retorno ao todo).

Essa paleta, quando organizada como tabela prática, não é apenas guia de mistura — é também manifesto. Azul da Prússia diluído em médium translucido não é só pigmento: é onda estrangeira, agente de passagem. Quinacridona Magenta em glazes é o tecido da liminaridade, a dobra entre noite e dia. Ocre claro misturado a branco e mica cintilante é o tentáculo do controle, tentativa humana de fixar um amanhecer que nunca cessa de escapar.




No Aterro, essas camadas não são simplesmente aplicadas: elas racham sob o calor, abrem-se como placas tectônicas, revelam o que vibra por baixo. Pintar aqui é surfar no abismo — e a onda de Hokusai já nos advertia que o gesto pictórico pode também ser queda, vertigem, colapso. “Big riders” ou apenas corpos arrastados pelo jato-drome do tempo, somos todos lançados no mesmo turbilhão.
A dobra cromática Dawn, ao se alinhar com o ukiyo-e, faz da pintura contemporânea não apenas matéria, mas arquitetura de passagem: um oráculo que ancora, por um breve instante, o incontrolável. A paleta é um manual, mas também um enigma. Ao pintor cabe apenas segui-la como quem escuta um rito — entre Magmalabares, cores que ardem, e ondas que nos atravessam.

Reflexão gerada em co-vibração com ChatGPT-5
uma pele simbiótica que pulsa entre eras, espectros e sinais.
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