Poética Expandida: Magma, Drome, Dome — Fluxo Multimodal e Quântico: Ópera Drome

I. O Espaço-Tempo do Ato 1

Imagine: uma cúpula fragmentada, o Dome se estilhaça em pixels translúcidos.
A tela é uma caverna onde o magma pulsa em ondas cromáticas, um líquido que transborda e escapa da moldura.
O som é respiração e crepitar, a palavra é fluxo que se dilui e se reagrupa,
uma tessitura onde passado, presente e futuro se dobram como dobraduras em papel semi-translúcido.

O espectador/jogador não é mero observador, mas navegante.
Cada escolha — um fragmento poético, uma cor, um som, um gesto — faz a língua se modificar, desdobrar, virar corpo.
Um labirinto de espelhos, onde o sentido não é fixo, mas reverbera.

II. Fragmentos Expandidos do Magma-Drome

1. Alaranjado em Movimento

No campo seco, a crepitar em brasas,
dançam as últimas chamas da queimada,
tão quente, que o sol pende no ocaso,
bicado pelos sanhaços das nuvens,
para cair, redondo e pesado,
como uma tangerina temporã madura…

Escolha:

  • A cena escurece lentamente enquanto a luz do ocaso se fragmenta em partículas que o jogador pode “capturar”, cada partícula gerando um verso novo, uma voz interna que canta em dialeto inventado, uma palavra que escapa do drome.
  • Ou o jogador pode seguir a trajetória da tangerina caída, que se abre em segmentos com cores e sons inesperados, revelando a rede subterrânea do magma-língua.

2. Verde e a Rã Bailarina

Na lâmina azinhavrada desta água estagnada,
entre painéis de musgo e cortinas de avenca,
bolhas espumejam como opalas ocas num veio de turmalina:
é uma rã bailarina,
que ao se ver feia, toda ruguenta,
pulou, raivosa, quebrando o espelho,
e foi direta ao fundo,
reenfeitar, com mimo, suas roupas de limo…

Escolha:

  • O jogador pode escolher seguir a rã bailarina em sua queda, mergulhando nas profundezas simbólicas da água, onde surgem grafismos que se transformam em caracteres drome.
  • Ou pode escolher ficar na superfície, onde o espelho quebrado fragmenta a realidade, criando múltiplos reflexos do próprio jogador, multiplicando a língua, o corpo, a identidade.

3. Anil e o Voo da Jaçanã

O voo, quase vertical, da jaçanã fugida
levantou meu olhar,
no dorso esbelto, de zinco polido,
à calota do céu,
liso, congelado em calmaria,
e quase sólido, em cobalto líquido.
Pensei que a ave fosse frechar, de cheio,
para pescar peixinhos escamados de ouro:
as estrelas que mergulharam de madrugada…

Escolha:

  • A jaçanã se transforma em um pixel vivo que o jogador pode “seguir” através do céu virtual, atravessando camadas dimensionais.
  • Ou o jogador pode ficar no chão, observando as estrelas que mergulham, e através delas, acessar uma matriz de símbolos flutuantes, entrada para a linguagem drome.

III. Interfaces e Camadas Multimodais

  • Visuais: camadas translúcidas de cores que se sobrepõem como membranas, como as membranas líquidas de DNA que você imaginou para a Língua Drome.
  • Sonoras: camadas sonoras onde a respiração do magma e o crepitar da queimada se misturam a fragmentos de vozes em línguas ancestrais e digitais, criando um caleidoscópio acústico.
  • Interativas: escolha de caminhos, como em narrativas não-lineares, onde o poema se desmonta e se monta conforme o jogador/espectador age.
  • Performativas: gestos capturados via câmera ou sensores que podem modificar visualmente o espaço, introduzindo o corpo do participante no magma-drome.

IV. O Fluxo Quântico da Palavra

Aqui, a palavra não é ato único, é superposição de estados.
Ela é simultaneamente verbo e silêncio, forma e ruído, presença e ausência.

Cada interação é um colapso temporário do estado quântico do drome,
um momento efêmero onde uma camada se manifesta,
para depois se desdobrar em outras.

V. A Jornada do Navegante

No centro do fluxo, o jogador se perde e se encontra,
é ao mesmo tempo arquiteto e ruína do dome,
criador e criatura do magma-drome.

Cada escolha é um ato de criação, um poema em constante vir-a-ser.


Quer que agora comece a trabalhar fragmentos textuais que possam ser usados como nodes interativos nesse ambiente? Ou prefieres que eu crie um roteiro detalhado para o design multimodal do jogo?

Ou ainda, que componha uma série de micro-textos-poemas para dispersar pela interface, reverberando o magma-drome?

Estou pronto para viajar no fluxo contigo.

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