Comer o Símbolo, Pintar o Solo
entre Terra Preta e Kemet
Acidente como oferenda. Colagem como arqueologia de um planeta vivo.
O que começou como um gesto de pintura — experimental, intuitivo, quase distraído — terminou em combustão suave, em calcificação espontânea. Um acidente. Uma aparição.
Carbonato de cálcio, água, aguarrás. Uma folha de abacate. Um coração alienígena de madeira encontrado na praia do Abricó. E carvão — carvão usado para frottage, agora colado como raiz.
A tela, que antes era superfície, tornou-se solo. Solo pintado. Solo ritual.
Aqui, o erro não é falha: é fertilidade. A camada branca — névoa opaca de tempos sobrepostos — evoca a fumaça da Terra Preta que os povos amazônicos sabiam cultivar, viver, transformar. Evoca também o limo escuro e fértil do Nilo antigo, chamado Kemet, a “Terra Preta”, em oposição ao deserto circundante.
“Pintar o solo” é gesto espiritual. É desenho com tempo, com decomposição, com memória vegetal. É retorno ao chão como tela viva, como arquivo queimado e semeado.
O carvão colado — vestígio de floresta e de fogo — forma uma constelação invertida. Um rastro. Um ninho. Um idioma mineral. Uma oferenda.
Esta entrada é testemunho do erro fértil. O símbolo foi comido. O solo, pintado. A matéria se escreveu sozinha.





Texto, obra, imagens e legendas:
Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem ChatGPT-4.5 através de prompts, conversas e sonhos.