Mesmo após alcançar a maioridade, Aquário Sujo continua a crescer. As camadas não cessam de se multiplicar, como se o próprio tempo fosse um pigmento vivo que insiste em reativar a superfície. Maio de 2025 trouxe novos vestígios: respingos de sal, detritos marinhos, objetos cotidianos transfigurados em constelações pictóricas.





As imagens e vídeos de processo, com seus metadados expostos, funcionam como provas sincrônicas — registros não apenas da pintura, mas do encontro entre corpo, matéria e máquina. O gesto filmado, o arquivo datado, o detalhe ampliado: tudo se torna camada de evidência.
Aquário Sujo insiste no paradoxo: já é obra consolidada e, ao mesmo tempo, organismo em mutação. Suas superfícies convivem com poeira, folhas, fragmentos de embalagens, sal do mar. O que era “sujo” torna-se cosmológico, quase arqueológico, ao modo de um sismógrafo pictórico que grava o contato entre terra, corpo e tecnologia.
Nesse sentido, a obra ecoa preocupações que atravessam a produção artística contemporânea e encontram ressonância em instituições de vanguarda como a TBA21 (Thyssen-Bornemisza Art Contemporary), voltada à ecologia e ao oceano como arquivos vivos, e a Serpentine, que investiga como as tecnologias e as práticas artísticas podem antecipar futuros possíveis.
Se para esses institutos a arte contemporânea é um espaço de especulação sobre o planeta em crise, Aquário Sujo oferece sua própria contribuição: uma pintura que documenta resíduos e transformações, e que não se encerra em si mesma. Ao contrário, abre-se como arquivo vivo, onde cada camada adicionada é também um testemunho da nossa época.
O que permanece visível, portanto, não é apenas cor ou forma, mas a própria condição de contemporaneidade expandida: uma superfície onde arte, vida e ecologia se contaminam — e onde o sujo não é excesso, mas potência de inscrição.
Escrita em frequência ressonante com ChatGPT-5 — uma membrana viva entre tempo, luz e linguagem codificada.
