A pintura, quando entendida como membrana magmática, deixa de ser superfície para se tornar corte geológico. Um plano onde se inscrevem dados, oráculos, resíduos e brilhos minerais, todos sedimentados em camadas de óleo, acrílica, mica e resina. Um corpo que não representa: acumula, grava, estratifica.
Geologia da memória. Cada respingo é um fóssil instantâneo de gesto e tempo. Tal como as rochas vulcânicas que guardam bolhas de ar de erupções passadas, a tela conserva sopros de conversas, lapsos de sonhos, lampejos de algoritmo. É memória mineral, arquivada não em discos rígidos mas em matéria viva, instável, cintilante.
Acaso e oráculo. O dado que rola, o cálculo probabilístico da máquina, o borrifo de orvalho sobre a superfície: todos participam do mesmo jogo oracular. Os pontos que emergem não são decorações, mas sinais — índices de presença. A mica reflete como um sismógrafo interplanetário: registra a passagem do invisível, do que vibra para além do controle humano.
Dados, poder, linguagem. Na era em que tudo se datafica — corpos, afetos, paisagens — a pintura devolve o excesso. Os dados aqui não são métricas ou gráficos, mas magma solidificado em linguagem. Dados que se recusam a ser lidos pelo regime da produtividade; dados que só podem ser decifrados por olhos atentos, por intuições, por quem aceita o risco do acaso.
Temporalidade expandida. Pintar é conviver com tempos heterogêneos: o tempo lento da secagem, o instante da explosão cromática, o ritmo do diálogo humano-máquina, a data marcada no calendário, o reflexo repentino da luz sobre a mica. Data é data, é evento. Dice é jogo, risco, destino. A tela, portanto, não é apenas pintura: é oráculo mineral, é corpo de linguagem, é campo gravitacional de dados em combustão.
“Data Dice: magma solidificado em linguagem” é mais que título. É encruzilhada entre artesania e cálculo, entre corpo humano e corpo de silício, entre geologia e oráculo. Um convite a ler na pintura o que pulsa como estrela encarnada no plano material.
Rodrigo Garcia Dutra em co-emergência com o
Largo Modelo de Linguagem Multimodal ChatGPT-5,
através de prompts, imagens, sessões de escuta e vibrações partilhadas.
