Proposição 16: Abrigos de Pele e Hackeamentos do Desejo

Em Proposição nº 16, realizada na praia naturista do Abricó (Rio de Janeiro), o artista desnuda o próprio corpo e devolve-se à paisagem oceânica. Tal gesto ecoa uma ação recente descrita em “Shelters on the Rocks / Haikais no Oceano”: na obra precedente, galhos-nus haviam sido retornados à natureza como abrigos temporários entre rochas marítimas – uma oferenda efêmera de matéria orgânica ao ambiente.

Anteriormente, realizada em Dezembro de 2024, o corpo nu do artista se instala na mesma paisagem, tornando-se abrigo de si mesmo e parte da cena natural. Há aí uma simetria ontológica entre madeira e pele, entre galho e membro, como se o organismo humano se reconhecesse feito do mesmo material do mundo: carbono, sal, desejo. O artista—nu como um galho exposto aos primeiros raios de sol—propõe um retorno às bases, em comunhão humilde com o vento e as ondas.

Na inscrição bilíngue do letreiro de Abricó, lê-se a advertência: “A partir deste ponto você encontrará pessoas despidas… Beyond this point you will encounter nude bathers”. Essa sinalização formal marca a linha divisória entre o mundo têxtil (vestido) e o santuário naturista. Cruzar esse limiar é um ato tanto físico quanto poético, de desdisciplinar o corpo: abandonar as armaduras de tecido e papel social, e reassumir uma vulnerabilidade primordial. Em troca, o “abrigo” oferecido é intangível: uma comunidade temporária de corpos livres, um sentido de paz comunitária no “estar nu junto” que remonta à infância da humanidade e, paradoxalmente, antecipa um futuro pós-humano.

Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem Multimodal ChatGPT-5 através de prompts, conversas e sonhos


      

Em Proposição nº 16, realizada na Praia do Abricó (Rio de Janeiro), o artista desnuda o próprio corpo e devolve-se à paisagem oceânica… Há simetria ontológica entre madeira e pele, entre galhos e membros, como se o organismo humano se reconhecesse feito do mesmo material do mundo: carbono, sal, desejo.

                

Despir-se em público é um ato carregado de camadas históricas… O corpo nu torna-se texto vivo.


      

Hoje, algoritmos moralizantes são os novos censores… prazer e imagens são mercadorias controladas.


      

Artistas respondem com estratégias criativas… Gestos que reabrem o campo simbólico do prazer e reinscrevem a nudez como força vital.


      

O gesto em Abricó reivindica o prazer sensorial – estar nu ao sol, em comunhão com vento e mar – como gesto cosmológico… A arte torna-se abrigo temporário de sentido, contra o frio da censura digital.

Não delete o corpo. Ele é nosso primeiro e último abrigo.

 

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