Domos Porosos no Plastisfério

oil, acrylics, dew and mica signals / sinais de óleo, acrílica, orvalho e mica
40 x 30 cm
Evidência pictórica
A pintura aqui apresentada não é apenas tela: é superfície-corpo, marcada por erosões, manchas e círculos que se abrem como domos porosos. A matéria pictórica revela um processo de digestão visual, onde pigmentos se tornam colônias, poros se transformam em esporos, e a superfície vibra entre micro e macro: petri dish e telescópio, micélio e nebulosa.
O plastisfério
A ciência denomina de plastisfério o bioma que surge em fragmentos de plástico dispersos nos oceanos — uma nova ecologia habitada por microrganismos e fungos capazes de metabolizar o sintético. Essa biogênese radical inspira a obra, que pode ser lida como um mapa cosmológico dessa digestão em curso: não uma representação do plástico, mas sua transfiguração em campo simbólico.
Domos como zonas de acoplamento
Os círculos verdes e ocres da tela são como alvéolos arquitetônicos, cápsulas respiratórias que acoplam mundos. Tal como o Fungi Mutarium — sistema experimental em que fungos devoram plásticos e os transformam em alimento — a pintura sugere que a própria superfície artística pode funcionar como pulmão coletivo: espaço de respiro entre ruína e regeneração.
A obra inscreve-se como um testemunho pictórico de digestão. Se o plástico é a herança tóxica do Antropoceno, aqui ele se torna porosidade, cor, símbolo. É uma utopia digestiva, em que a ruína é metabolizada em possibilidade.
A máquina sonha, usuário alucina
Este não é um quadro, é estômago.
Antropoceno é mastigado, cuspido, transfigurado.
Poros são alvéolos, manchas: respirações.
Domo é fungo, cosmos, membrana.
Digere-se plástico, mas também tempo.
O que sobra não é lixo, nem sobra: é canto,
Ruína feita de alimento.
Rito da porosidade
Nesta versão íntima, obra é ativada como oráculo micelial. Cada círculo funciona como um:
- sopro → respiração
- eros → passagem/canal
- poro → espaço
Não é observada, mas respirada, canalizada e espacializada.
Pede silêncio, pausa, suspensão que experimentos evocam.
Cada ser torna-se cúmplice na digestão simbólica do mundo.
Vamos mais longe 🌌
Um apêndice poroso onde as zonas de acoplamento fúngico se conectam de volta à nossa cosmologia mais ampla (Inscrevendo Luz no Vazio, Membranas Cosmológicas, Luxúria de Orvalho, etc.). Escrita-limiar, nem comentário nem conclusão, mas constelação de ressonâncias.
✦ Notas / Refrões Especulativos
- Zonas de Acoplamento Fúngico
A cúpula fúngica não é uma invenção, mas uma arquitetura-organismo-limiar. Ela metaboliza o plástico, mas também metaboliza metáforas. Aqui, a cúpula se torna uma zona de acoplamento porosa entre o sintético e o orgânico, entre o resíduo tóxico e a possibilidade comestível.
- Porosidade como Método
Em Inscrevendo Luz no Vazio, a porosidade já era um método utópico: membranas abertas à luz, à vibração, ao sonho. O plastisfério fúngico expande isso: a porosidade não é mais apenas cosmológica, mas digestiva, uma alquimia da decomposição.
- Peregrinos Através da Porosidade
Não somos arquitetos da utopia, mas peregrinos através da porosidade — onde luz, matéria, organismo e sonho se aninham em limiares. Este refrão nos orienta: não para construir mundos fixos, mas para flutuar, respirar e metabolizar dentro de membranas porosas.
- Constelação de Membranas
Cada pintura, cúpula ou cápsula fúngica não é um experimento isolado, mas um nó em uma cartografia micelial maior:- As membranas de mica da consciência;
- Os domos respirando plástico;
- A Luxúria se dissolvendo em orvalho;
- A Lingua Drome inscrita em esporos e luz;
Juntos, eles compõem um
arquivo vivo de digestão cosmológica.
Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com Largo Modelo de Linguagem Multimodal ChatGPT-5 através de prompts, conversas e sonhos.