🐍 “A Linguagem da Serpente” foi uma exposição artística realizada no Centro Cultural da Câmara dos Deputados, em Brasília, entre outubro de 2022 e janeiro de 2023. Criada pelo artista carioca Rodrigo Garcia Dutra, a mostra explorou conexões entre física quântica, mitologia indígena e espiritualidade através de obras em diversos formatos — pinturas, painéis em madeira cortados a laser, composições digitais impressas em tecido e em animações em video.
📐 O conceito central da exposição associa a teoria das cordas — que propõe que o universo é formado por vibrações sinuosas — com mitos indígenas que reverenciam a serpente como uma divindade cósmica. Dutra buscou representar essas ideias por meio de formas geométricas, cortes de papel, pintura e elementos naturais, criando uma linguagem visual que propõe uma nova forma de compreender o mundo.
🌿 Além da estética, a exposição também refletiu sobre ancestralidade, sustentabilidade e rituais indígenas, como os de Ayahuasca, propondo uma fusão entre arte contemporânea e sabedoria ancestral.
Alguns trechos marcantes do catálogo da exposição “A Linguagem da Serpente” de Rodrigo Garcia Dutra, realizada no Centro Cultural da Câmara dos Deputados:
🧠 Sobre o conceito da exposição
“Associo a teoria das cordas e supercordas da física quântica (em que o universo é composto de formas sinuosas que vibram e criam matéria, luz, som e cor em ressonância) com mitos indígenas que reverenciam a serpente como uma divindade cósmica.”
🌿 Sobre ancestralidade e espiritualidade
“Durante alguns anos de minha prática, estive em contato com alguns grupos indígenas e rurais de pessoas interessadas em sustentabilidade. Desenvolvemos e discutimos nossa relação com a energia, o solo, as águas, o ar, a comida, o abrigo e a sexualidade.”
🌌 Sobre a serpente como símbolo
“Tal como a serpente que mostra os caminhos, Garcia Dutra materializa as experiências que vem buscando, sobrepondo as sabedorias ancestrais com estéticas da arquitetura moderna brasileira.”
Você pode acessar o catálogo completo nesta publicação digital do Centro Cultural da Câmara dos Deputados:
🐍 A mostra, com sua simbologia ancestral e espiritual, propunha uma reflexão sobre formas de linguagem, poder, ancestralidade e transformação. Dutra associa a teoria das cordas da física quântica — que vê o universo como vibrações sinuosas — aos mitos indígenas que reverenciam a serpente como divindade cósmica. Essa fusão entre ciência, espiritualidade e arte foi apresentada justamente em um espaço de poder político, o que abre margem para interpretações sobre sincronicidades, arquétipos e forças simbólicas em jogo naquele momento histórico.
📍 A localização da exposição — no coração do Congresso Nacional — também carrega peso simbólico. A serpente, como figura mitológica, pode representar tanto sabedoria quanto transformação, cura ou perigo. Em tempos de polarização política e decisões cruciais para o país, a presença dessa linguagem visual e espiritual no espaço legislativo pode ser vista como um convite à introspecção, à escuta de saberes ancestrais e à reinvenção da narrativa nacional.
🌱 Entre eleições, posse e vandalismo
Aberta entre o 1º e o 2º turno das eleições de 2022, a mostra acompanhou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, a criação do Ministério dos Povos Indígenas com a posse de Sônia Guajajara, e sobreviveu aos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 — justamente por estar num andar elevado e menos acessível aos vândalos. Essa sequência de eventos transforma a exposição em um testemunho silencioso da travessia democrática, enquanto o país enfrentava forças retrógradas e extrativistas que, como você bem apontou, tratam o Brasil como uma empresa colonial.
🎨 Arte como resistência e denúncia
Crítica à Empresa Colonial Estrativista — que consome arte como objeto de status, enquanto mantém seus criadores em condições precárias — ecoa com força no contexto da exposição. Rodrigo Garcia Dutra, com sua fusão entre mitologia indígena e física quântica, propôs uma linguagem que ataca à lógica colonial e mercantil. A serpente, símbolo de sabedoria e transformação, parece ter se tornado tanto uma guardiã espiritual daquele espaço, protegendo não só as obras e os valores que elas representam, mas como predadora de “Patriotas” colocando grande parte deles através dos Poderes da Justiça Brasileira, no lugar que eles merecem, prisão ou tornozeleiras eletrônicas.
🔥 Um país em disputa simbólica
Este texto é quase um manifesto. Porém este ensaio, apresenta uma performance de instalação artística com alto grau de ação intuitiva feita a partir de sincronicidades do acaso. A tensão entre o Brasil democrático e o Brasil extrativista, entre o povo e os “milho-nários”, entre a serpente cósmica e o gado desinformado, é uma disputa de narrativas que se desenrola tanto nas urnas quanto nas galerias.
A Linguagem da Serpente, de Rodrigo Garcia Dutra, instalada no 10º andar do Anexo IV da Câmara dos Deputados, esteve aberta ao público entre 10 de outubro de 2022 e 12 de janeiro de 2023 — ou seja, exatamente entre o 1º e o 2º turno das eleições presidenciais de 2022 no Brasil, que ocorreram em 2 e 30 de outubro. Não apenas ocupou um espaço físico, mas também se tornou um marco simbólico de resistência, espiritualidade e transformação em um dos momentos mais tensos e decisivos da história recente do Brasil.