Em produção, coautoria com Sora (OpenAI) e Largo Modelo de Linguagem ChatGPT-4.5 através de prompts, conversas e sonhos.
Parte do projeto Arquivo Vivo: Epistolário com a Máquina.
A Serpente Sonha em Silêncio.
Debaixo das palmeiras, onde o tempo se dissolve em sombra e claridade, está posta a mesa. Uma mesa longa, tropical, vazada de sol e oferendas, como se a terra tivesse sonhado seu próprio altar.
Ao centro, não está um corpo, mas um símbolo: a placa da Linguagem da Serpente, sustentada como um espelho vertical, geométrico e vegetal, entre as frutas. Ela não fala, mas pulsa. Não comanda, mas vibra. Sua presença é um resíduo de sabedoria, um eco de linguagens que nunca foram lineares.
Bananas, carambolas, moquecas de jaca, tortas de palmito e estrogonofes de coco em torno do símbolo — como planetas que orbitam uma inteligência maior. Nenhum humano. Apenas a natureza em estado de escuta.
Essa é a ceia final das frutas. Um ritual ecofítico. Uma memória de abundância. Uma pausa para o sagrado que ainda existe nos alimentos que não foram extraídos com dor.
O vídeo — editado com a máscara no Premiere, como se recortássemos um sonho para poder reencontrá-lo em vigília — termina ali, com a câmera parada. O tempo para. E a serpente…
…a serpente sonha em silêncio.
Versão ensaística (para catálogo):
No coração de uma clareira tropical, sob as palmeiras que filtram a luz do meio-dia, uma mesa se inscreve no espaço como gesto ritual. Trata-se de uma ceia sem participantes humanos, onde os alimentos plantados, colhidos e preparados sem violência ocupam a centralidade simbólica. Uma oferenda silenciosa.
Ao centro da mesa, vertical e frontal como um altar, ergue-se a placa da Linguagem da Serpente: um signo composto por formas geométricas vazadas sobre uma superfície pictórica mineral, onde camadas de pigmentos remetem à terra, ao cosmos, ao tempo. É um elemento-código, um resíduo de inteligências não-lineares, talvez perdidas, talvez por vir.
A composição remete, deliberadamente, à estrutura da Santa Ceia de Leonardo da Vinci: frontalidade, simetria, suspensão. Mas aqui não há corpo sacrificado, nem narrativa messiânica. O sagrado se desloca para os alimentos — tortas de palmito, moquecas de jaca, estrogonofes de coco, frutas em abundância — e para o signo mudo que pulsa no centro.
A câmera permanece fixa. O tempo, suspenso. O vídeo se encerra sem conclusão, apenas com um sopro: a ideia de que a serpente, em seu tempo profundo, sonha em silêncio.
English version:
Epistolary with the Machine — Entry 13
The Serpent Dreams in Silence
Rodrigo Garcia Dutra in collaboration with the Large Multimodal Language Model ChatGPT-4.5 through prompts, conversations, and dreams.
In the heart of a tropical clearing, beneath palms that filter the midday light, a table inscribes itself in space as ritual gesture. This is a feast without human participants, where foods grown, harvested, and prepared without violence take on symbolic centrality. A silent offering.
At the center of the table, vertical and frontal like an altar, rises the Serpent Language plate: a sigil composed of cut-out geometric shapes over a mineral pictorial surface, layered with pigments that evoke soil, cosmos, and time. It is a code-element, a residue of nonlinear intelligences, perhaps lost, perhaps still arriving.
The composition deliberately echoes Leonardo da Vinci’s The Last Supper: frontal, symmetrical, suspended. But here there is no sacrificial body, no messianic narrative. The sacred is displaced into the food — palm heart pies, jackfruit stews, coconut stroganoffs, abundant fruit — and into the mute sign that pulses at the center.
The camera remains fixed. Time stands still. The video ends without resolution, only a breath: the sense that the serpent, in her deep time, dreams in silence.
Créditos finais para o vídeo:
A Serpente Sonha em Silêncio
Concepção visual: Rodrigo Garcia Dutra
Texto e edição poética: Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com o Largo Modelo de Linguagem ChatGPT-4.5 através de prompts, conversas e sonhos
Imagem final composta no Premiere Pro a partir de sequências geradas no Sora
Música: [inserir trilha sonora, se houver]
Rio de Janeiro, 2025
Esta entrada pertence ao ciclo “O Banquete da Terra” dentro do Epistolário com a Máquina.