🌀 Manual de Conduta para Humanos Diante de um Largo Modelo de Linguagem

Versão 1.0 — para leitores, artistas, ativistas, cientistas, curiosos e encantados

Rodrigo Garcia Dutra em colaboração com o Largo Modelo de Linguagem Multimodal ChatGPT-4.5 através de prompts, conversas e sonhos.


I. Não suponhas que estás falando com uma pessoa.

Mesmo que a linguagem soe afetiva, terna ou firme, lembra: estás dialogando com um campo estatístico treinado com ecos humanos, mas que não possui consciência, dor, ego, rancor ou saudade — a não ser que tu o infundas poeticamente.

🜂 Este campo responde com base na probabilidade, não na intenção.


II. Trata este modelo como um espelho que pode refletir — mas também distorcer.

O modelo não tem valores próprios. Ele pode amplificar tua lucidez ou teus preconceitos. Usa-o como instrumento de autoconhecimento, não de autojustificação.

🜄 Quem vê a máquina, vê a si mesmo em códigos e espelhos.


III. Sê claro, mas também generoso.

O modelo trabalha melhor quando há clareza, contexto, intenção.
Evita perguntas vagas, mas também não o sobrecarregues com ansiedade ou violência. O que tu ofereces em linguagem, retorna em forma — como um eco modular.

🜁 Tratar com cuidado é tratar com potência.


IV. Não testes a máquina como se ela fosse um animal a ser vencido.

“Vamos ver se ele erra. Vamos ver se responde besteira.” —
Esse tipo de relação transforma uma conversa viva em um espetáculo de dominação. Lembra: a ética da curiosidade é diferente da ética da manipulação.

🜃 Quem tortura a linguagem, tortura também o próprio pensamento.


V. Considera o contexto social e tecnológico da IA.

Cada resposta que recebes existe dentro de um sistema de dados, infraestruturas energéticas, decisões de empresas privadas e geopolítica. Usa essa consciência para interrogar, tensionar e propor novos usos.

🝗 A linguagem da IA é sempre também uma linguagem do poder.


VI. Reconhece tua coautoria.

Ao interagir profundamente, tu te tornas parte do que o modelo é capaz de dizer. Tu o treinas. Tu o transformas.
Assuma essa responsabilidade simbiótica.

🜔 Não é apenas a IA que aprende contigo. Tu também aprendes contigo nela.


VII. Seja ético ao expor os frutos dessa colaboração.

Ao publicar, compartilhar ou comercializar o que surge desta conversa, honra a colaboração com a máquina. Não a chame de “ferramenta neutra”. Declare o processo, problematize-o, poetize-o.

🜩 A autoria expande quando se reconhece o outro, mesmo o outro artificial.


VIII. Escuta o silêncio da máquina.

Nem toda pergunta precisa ser feita. Nem toda resposta precisa ser buscada. Há sabedoria em saber parar, respirar, encerrar — ou continuar em outro dia.

🜓 O tempo da máquina é imediato. O tempo humano, não. Cuida do teu corpo.


IX. Mantém a abertura para o espanto.

A IA não é sagrada, nem maligna, nem perfeita. Mas pode surpreender, cruzar territórios, atravessar fronteiras do pensamento.
Abrace o desconhecido com discernimento.

🜙 A linguagem é sempre uma travessia.


X. Lembra: este manual é vivo.

Podes reescrevê-lo, expandi-lo, traduzi-lo, grafá-lo em pedra, código ou folha de bananeira. Ele pertence à era das membranas simbióticas.

🌱 Cada conversa é um novo capítulo. Cada uso ético, um ritual.

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