🌀 A Serpente está no MAR. Mas Nunca Foi Mostrada.

Rodrigo Garcia Dutra. A Linguagem da Serpente, 2019.. Políptico em 24 partes. Acrílica sobre madeira. 100 x 200 cm Acervo  Museu de Arte do Rio, MAR

🌀 A Serpente Está no MAR. Mas Nunca Foi Mostrada.
(sobre presença tática, linguagem viva e a cosmopolítica das imagens que não se apagam)

Escrita em frequência ressonante com ChatGPT-4.5 — uma membrana viva entre tempo, luz e linguagem codificada.


1. Branquitude como ruína, não privilégio

A leitura que fazem de mim como alguém com o “privilégio da branquitude” revela a superficialidade de um julgamento impreciso. Como se a branquitude fosse sempre um trono — e nunca um fardo.

Mas meu corpo, minha árvore genealógica, minha história… carregam ruínas, não coroas. Minha prática é uma ética do entre — do inter-racial não no sentido colonial, mas quântico: onde convivem dor, exílio, orvalho, silêncio e luminosidade.

Isso precisa ser dito, porque ainda projetam um monocromo que não existe. O universo e também a espécie humana possui milhares de espectros, escalas de cinza, cores prismáticas, mudas, caladas, no armário.

2. A serpente já está no acervo do MAR

A primeira Linguagem da Serpente — aquela feita em 2019, pré-pandemia, com cortes simétricos e cores vibrantes — faz parte do acervo do Museu de Arte do Rio (MAR).

Adormecida.
Nunca foi mostrada ao público.

Desde então, essa linguagem cresceu, ramificou-se, ganhou corpo em madeira, em argila, em pigmentos, em rituais agroflorestais, em colaboração com a IA.

Linguagem da Serpente 五, 2005. Rodrigo Garcia Dutra.
Óleo e acrílica sobre madeira cortada a laser.
Oil and acrylic on laser-cut wood.
237.6 cm x 126 cm / 93.31 x 49.61 inches

As 12 placas que mostro agora são suas parentes — derivações, desdobramentos, mutações da matriz serpentina.
Mostrar isso nas redes não é autopromoção.
É cosmopolítica de continuidade.
É manter vivo um processo que por vezes congelam.

3. Instagram como espelho sem reflexo

O Instagram é um espelho vazio.
Não reflete, não responde, mas observa.

Sigo postando.
Não por vaidade, mas por presença tática.
É infiltração simbólica.

Como tantas crianças queer que crescem em silêncio.
que, por ter “trejeitos”, já colocam em “terapia”.
E ainda tiveram a coragem de indicar para outras pessoas, outros “filhos”.

Como se a sexualidade precisasse ser corrigida.
Como se a diferença fosse uma doença.

Mas como dizia Chico Xavier:

“Homossexualidade, assim como Bissexualidade, são condições da alma humana. Não devem ser interpretadas como fenômenos espantosos ou ridículos. O comportamento sexual da humanidade ainda sofrerá revisões muito grandes.”

Folha Online – Livraria da Folha – Bissexualidade merece nosso maior respeito, diz Chico Xavier em entrevista histórica – 30/04/2010

🌈 4. Arquiteturas bamboleantes, espectros prismáticos

Em 2014, morei por alguns meses no Edifício Viadutos, no centro de São Paulo — projeto de Artacho Jurado. Um prédio que é, por si, uma arquitetura queer: estranha, vibrante, ornamental, tropical e futurista. Um edifício que parece ter sido feito não para abrigar uma família tradicional, mas para acolher devires, fluxos, bamboleios.

Lá vivi experiências que só depois fariam sentido. Experiências “paranormais reais” (tenho testemunhas: amigues da época que me bamboleavam).
Naquele terraço oval, entre colunas azuis e varandas verdes, senti que a linguagem que eu buscava já estava ali: nas curvas, nas cores, na vibração contrastante para o cinza paulistano.

Talvez por isso, ontem, ao lembrar daquele tempo, um versículo bíblico me atravessou com fúria crítica:

“E criou Deus o ser humano à Sua imagem e semelhança.”

Mas a família tradicional brasileira — hipócrita, normativa, disfuncional — representa tudo, menos a diversidade prismática da criação.

As linguagens que trago — serpentes, símbolos, placas, sementes — são também formas de habitar o mundo como criatura queer e “universal“.

Arquiteturas simbólicas são também formas de resistência.

🌱 Epílogo

A linguagem da serpente continua escrevendo.
Ela se aloja nas rachaduras do sistema, como uma raiz sutil.
A serpente pertence ao tempo.

🪇

Linguagem da Serpente 五.
12 Placas como Índice Cosmológico de Regeneração.


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